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Vestem lantejoulas e falam e falam.
Temos homem, temos mulher; assim é que é.
O gato anda divertido a murar as toupeiras do quintal, que das gralhas há muito se desinteressou.
Sabedores velhos são os gatos.
(inédito oferecido à Arca pelo autor)
fotografia de Edouard Boubat,1978
Se não tinha para onde ir, deixava-se quieto. Perguntaram-lhe o que tinha.
Os caminhos são como o sol. Até as árvores o entendem.
Ficava assim, rico de coisas pequenas, quietude de casa perfeita.
As nuvens é que são migrantes. Muito jovens, disse ainda. Sigo-as com os olhos.
(inédito oferecido à Arca pelo autor)
Os gatos de Lisboa
Os gatos de Lisboa são altos,
esguios bem falantes.
Sabem quase tudo de história e
um pouco de geografia.
De noite caçam gatas
e de dia companhia
entre o lixo da cidade.
Não são assim tão pardos
como dizem as histórias.
Pelo contrário, andam
engravatadinhos, ar galante e
de quem não parte uma unha.
Se lhes falarem em
sardinhas levantam
altivos os bigodes -
não são desses gatos
farruscos aos pés
das varinas. Têm classe!
Mas mostrem-lhes um
banco de jardim ao sol.
E miau.
cidade à parte
os gatos da cidade de lisboa
são raros de encontrar, discretos
milagres do langor quotidiano,
atentos na sua calma
à alheia agitação citadina.
Interessam-lhes as árvores
os pássaros e às vezes
olham os rostos das pessoas.
alguns deixam-se aproximar
gostam até de nós, de nós
que gostamos deles
e queríamos encontrá-los
mais vezes
pelos passeios e jardins
mas eles só se deixam
encontrar por acaso.
Micro, o belo tigrado laranja de olho azul, era o pai da Jade. Cumpriu o seu tempo. Foi-se com a lua cheia.
NASCEMOS PARA O SONO
Nascemos para o sono,
nascemos para o sonho.
Não foi para viver que viemos sobre a terra.
Breve apenas seremos erva que reverdece:
verdes os corações e as pétalas estendidas.
Porque o corpo é uma flor muito fresca e mortal.
Poesia Mexicana do Ciclo Nauatle (mudada para o português por Herberto Helder em Poesia Toda, Assírio & Alvim, Lisboa, 1990)
Uma prenda, vinda das margens do Adriático, que a Arca da Jade muito apreciou. Obrigada, M.
O Tico:
O Teco:
O ladrão de guardanapos:
O almoço foi tranquilo. Onde paravam os gatos?
A cadeira que mudou de dono:
Em Verona- fotografia de Sete-Sóis
Com a minha gratidão a Tecum. E celebrando - com um mês de atraso - o 2º aniversário desta Arca.
para a Soledade Santos
um gato deixou o seu sorriso marcado no vidro da janela. o seu miar
ainda se ouve. no quintal. junto à árvore onde costumava afiar as unhas.
era um gato malhado. gostava de andar à chuva. um gato simples. puro.
como outro gato qualquer.
Manuel A. Domingos, em Limites de Luz
Pintura de Ricardo Garcia - acrílico e óleo sobre tela, Junho de 2005.
Gentilmente cedida pelo pintor, cujo Capitão Amendoim é amigo desta Jade e de um certo Nocturno com Gatos.