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VÊ SE TE LEMBRAS
Era ainda cedo
vivíamos em tendas
só tínhamos
o que sabíamos transportar:
duas pedras de calcite
numa bacia de água e sal,
o cacto aéreo, desenraizado
como nós,
um jovem gato,
as lembranças guardadas
na bolsa de patchwork
que tínhamos costurado.
E o coração nómada
nómada nómada -
intimorato.
Soledade Santos, Sob os teus pés a terra, Artefacto, 2010
Em 1420, no que é hoje a Holanda, um copista descobriu que um gato tinha urinado numa página que ele escrevera. O copista incluiu no livro a ilustração e a descrição do ocorrido e acrescentou ainda um conselho:
Nada falta, mas um gato urinou aqui, uma certa noite. Maldito seja o gato que urinou no livro durante a noite, em Deventer e, por causa dele, todos os outros gatos. Tende cuidado para não deixardes livros abertos, à noite, onde os gatos possam ir.
(Lido aqui.)
Que os gatos gostam de livros, já se sabia. Mas não que a sua familiaridade com eles vinha de tão longe. Nesta outra imagem, retirada do mesmo site, um gato deixou o rasto da sua "escrita" sobre um pergaminho do séc. XV: