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fotografia de Ebru Sidar
Senhores silenciosos dos telhados,
sombras dotadas de corpo,
lânguidos e alheios,
menos em março:
gatos.
Em março são provisoriamente animais
e depois regressam à inalcançável altura da sua solidão.
Luciano Moreira, in DiVersos 18, Poesia e Tradução, Fevereiro, 2013
pintura de Jean-Jacques Bachelier
Dá-se ares de marquês,
seu miar não quer conversa;
é gato, mas não maltês
o altivo bicho persa.
Não atende a quem o chama,
nem que vista uniforme;
de dia só quer a cama
onde à noite a dona dorme.
É em tom de ameaça
de audaz aventureiro,
que D. Fuas vai à caça
em noites de nevoeiro.
Parece um rei embuçado
com seu ar misterioso;
só falta cantar o fado,
a D. Fuas, o Formoso.
António José Queirós
Olympia (1863), pintura de Edouard Manet
O gato preto, símbolo da superstição e da sensualidade, posicionado ao lado da criada, denuncia estereótipos da época acerca da sexualidade e da feminilidade negra.
Sobre esta bela pintura, que na época causou escândalo, mais aqui e aqui, por exemplo.