Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Serigrafia de Júlio Pomar
Sempre que os veados passavam atroando
Os ares do Oklahoma
Um gato de fogo eriçava-se no caminho.
Por onde quer que passassem,
Passavam atroando
Até guinarem
Num ápice, curvando
Para a direita,
Por causa do gato de fogo.
Ou até guinarem
Num ápice, curvando
Para a esquerda,
Por causa do gato de fogo.
Os veados atroavam.
O gato de fogo ia pulando,
Para a direita, para a esquerda,
Eriçava-se no caminho.
Depois, o gato de fogo fechava os olhos brilhantes
E adormecia.
Wallace Stevens, Harmónio, trad. de Jorge Fazenda Lourenço, Relógio D'Água, Lisboa 2006