Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



História de uma Gata

por arcadajade, em 29.06.04

gata.jpg 
Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram

O meu mundo era o apartamento
De tefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim:

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim:

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

Enriquez - Bardotti - Chico Buarque, Musical Infantil Os Saltimbancos, 1977

Autoria e outros dados (tags, etc)

19:24

Little Pussy

por arcadajade, em 25.06.04

I love little pussy, her coat is so warm ;
And if I don't hurt her, she'll do me no harm.
So I´ll not pull her tail, nor drive her away,
But pussy and I very gently will play.
She'll sit by my side, and I´ll give her some food;
And pussy will love me, because I am good.

GATO10.jpg
My Pussy

OH ! here is Miss Pussy; she's drinking her milk;
Her coat is as soft and as glossy as silk.
She sips the milk up with her little lap-lap ;
Then, wiping her whiskers, lies down for a nap.
My kitty is gentle, she loves me right well;
How funny her play is I'm sure I can't tell.
N ow under the sofa, now under the table,
She runsand plays bo-peep as well as she's able.
Oh, dearly I love her ! You never did see
Two happier play-mates than kitty and me.

 

Royal School Series, First Series, The Royal Readers, N.º 1, London: T. Nelson and Sons, Paternoster Row, 1907

em cometas

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

00:29

Para Quin-Quin, o gato

por arcadajade, em 15.06.04

gato4.jpg
Querido Quin-Quin,


Porcaria de Quin-Quin, o gato, que não pára de atacar Noëlle por dar cá aquela palha. Quin-Quin ciumento, Quin-Quin possessivo, Quin-Quin glutão, mas Quin-Quin asseado, excepto quando Quin-Quin se deixa cair na banheira de Noëlle! Quin-Quin que desata a fugir quando eu me irrito, Quin-Quin que foge a sete patas quando eu corro atrás dele, Quin-Quin gorducho, Quin-Quin medricas, Quin-Quin malandro que encontra sempre um esconderijo para abrigar o seu focinho, Quin-Quin gato acima de tudo, que sabe fazer-se amar e gariciar, que sabe arranhar e fazer-se perdoar, que sabe roubar e fazer-se mimar.

De sa fourrure blonde et brune
Sort un parfum si doux qu'un soir
Je fus embaumé pour l'avoir
Respiré une fois rien q'une...

Chat te plaît? É de Baudelaire. Ele tinha razão; deves ter-nos enfeitiçado. Senão, como é que suportaríamos as tuas asneiras? Chat, sem dúvida! Evidentemente, a sua poesia deixa-te frio. Tu és muito mais sensível à beleza dum croquete ou à poesia duma goluseima do que à do alexandrino.
És o último duma ninhada de oito, e levaste bastante tempo para vir ao mundo com o teu olhar maroto e a tua cauda atada. Vou dizer-te: tu és um gato-cão, de tal forma tu és ciumento, ciumento ao ponto de morderes os tornozelos de Noëlle quando ela é mais gentil comigo do que contigo. Incrível!
E eis que brincas ao gato pendurado nos móveis e em cima dos teus donos! Decididamente, não respeitas nada. Se voltares a atacar Noëlle com as garras todas de fora, mando-te para a S. P. A. ou para casa de Brigitte Bardot! Tratava-te das patas!

Viens, mon beau chat, sur mon coeur amoureux;
Retiens les griffes de ta patte,
Et laisse-moi plonger dans tes beaux yeux
Mêlés de métal et d'agate.

Mais uma vez Baudelaire... um maldito apaixonado pelos gatos. Noëlle poderia muito bem ter escrito para ti essa estrofe. E tu, tu podias mostrar-te mais gentil com ela.
Esse curioso nome de Quin-Quin, donde é que pode vir? Depois de um inquérito sobre a onomástica felina, duas pistas genealógicas permitem julgar o caso do Senhor Quin-Quin.
A primeira afirma que é o diminutivo de Arlequim. Isso agrada-me bastante, por causa de La Double Inconstance, de que interpretei uma cena na minha entrada para o conservatório; por causa, também, da Itália, o país de Arlequim e o meu. E depois o nome fica-te bem, pois és divertido como todos os Arlequins.
A segunda hipótese pretende que Quin-Quin vem do título dum romance que eu gostaria de adaptar ao cinema, mas de que o autor vendeu os direitos aos Americanos: A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, de Jorge Amado. Quincas, Quin-Quin... Estranho.
Mas enquanto eu me empenho em explicar-te as origens do teu nome, tu adormeces em cima do tapete. Então! Não vais fazer outra! Quin-Quin! Quin-Quin?

Ils prennent en songeant les nobles attitudes
Des grands sphynx allongés au fond des solitudes,
Qui semblent s'endormir dans un rêve sans fin.

Ainda Baudelaire! Decididamente, ele compreendeu tudo acerca desses adoráveis animais satânicos. E eu, eu compreendi que és o dono desta casa, e contentar-me-ei, para acompanhar o teu ronrom, com uma pequena cantiga de embalar:

Dors mon p'tit Quin-Quin
Papattes en rond et tutti quanti...

Uma garícia para ti.

                                      O teu «dono» Serge

Serge Reggiani, Último Correio antes da Noite, Campo das Letras, Porto, 1996

Autoria e outros dados (tags, etc)

22:17

Esse gato

por arcadajade, em 05.06.04

Steinlein6.jpg

Steinlein


Esse gato -
senhor único
do meu colo.

Patas brancas
majestosas
não me iludo.

Outro trono
não conhece
que não o sol.

Anoitece -
a terra toda
submetida.

em
lugar da incerteza

Autoria e outros dados (tags, etc)

07:33

Jade no seu remanso

por arcadajade, em 01.06.04

Image hosted by Photobucket.com

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

22:52